A ETNOBOTÂNICA E SUA RELAÇÃO COM A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Felipe Sant'Anna Cavalcante, Veridiana Vizoni Scudeller

Resumo


RESUMO

O uso de plantas medicinais é uma prática baseada no conhecimento popular e, quase sempre, transmitida oralmente, e é muito significativo nos últimos tempos. Dada sua importância não só para os seres humanos mas para todos seres vivos, os estudos etnobotânicos garantem possibilidades de preservação da sociobiodiversidade. Dessa forma, foi realizada uma análise de estudos etnobotânicos publicados da Região Norte e verificado sua relação com a sustentabilidade ambiental para uma melhor garantia de uso e resgate, focado nas plantas medicinais. O método utilizado foi o quali-quantitativo. Foram analisados 15 artigos científicos no período de 2006 a 2020 e que utilizam as plantas para o tratamento e/ou cura de doenças como uma prática de manutenção e/ou preservação dos saberes tradicionais. Verificou-se que as plantas medicinais possuem relação direta com as pessoas por meio das diversas formas de utilização. Constatou-se que as espécies vegetais usadas com maior frequência foram os representantes das famílias Lamiaceae e Asteraceae. Outro fato observado foi que os moradores criam hortas de plantas medicinais nos próprios quintais, recolhem sementes de plantas, usam folhas fazendo infusão principalmente para tratar doenças relacionadas ao aparelho digestório (55%) e aparelho respiratório (45%), além da preservação dos seus conhecimentos culturais da fitoterapia vindo de gerações passadas. Portanto, se faz necessário compreender e entender como as plantas medicinais podem auxiliar nos recursos terapêuticos das comunidades e sociedades auxiliando de certa forma uma sensibilização para o desenvolvimento de posturas éticas e responsáveis perante ao meio ambiente a fim de garantir a sustentabilidade da flora medicinal.


Texto completo:

PDF

Referências


REFERÊNCIAS

ALARCÓN, J.G.S. Levantamento florístico e etnobotânico em um hectare de floresta de terra firme na região do Médio Rio Negro, Roraima, Brasil. 2005. 121 f. Dissertação (Mestrado em Botânica). Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2005.

ALBUQUERQUE, U.P.; HANAZAKI, N. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.16, p.678-689, 2006.

ALMEIDA, I.A.; SOUSA, R.T.O. Benefício das Plantas Medicinais na utilização pelos Professores em Uma Escola Pública. Volume I. Universidade Estadual Londrina – Paraná, 5p. 2015.

AMOROZO, M. C. M. A abordagem etnobotânica na pesquisa de Plantas Medicinais. In: DI STATSI, L.C. (Org.). Plantas medicinais: Arte e Ciência, um guia de estudo interdisciplinar. São Paulo: EDUSP. p. 47-68, 1996.

ALVES, C.A.B.; SILVA, S.; BELARMINO, N.A.L.; SOUZA, R.S.; SILVA, D.R.; ALVES, P.R.R.; NUNES, G.M. Comercialização de plantas medicinais: um estudo etnobotânico na feira livre do município de Guarabira, Paraíba, nordeste do Brasil. Gaia Scientia, v.10, n.4, p.390-407, 2016.

AUGUSTO, C.A.; SOUZA, J.P.; DELLAGNELO, E.H.L.; CARIO, S.A.F. Pesquisas Qualitativas: rigor metodológicos no tratamento da teoria dos custos de transação em artigos apresentados nos congressos da Sober (2007-2011). RESR, Piracicaba-SP, v. 51, n. 4, p. 745-764, 2013.

BLANK, D.M.P. O Contexto das mudanças climáticas e as suas vítimas. Mercator, v.14, n.2, p.157-172, 2015.

BORBA, A.M.; MACEDO, M. Plantas medicinais usadas para a saúde bucal pela comunidade do bairro Santa Cruz, Chapada dos Guimarães, MT. Brasil. Acta Botânica Brasílica, v.20, n.4, p.771-782, 2006.

CAJAIBA, R.L.; SILVA, W.B.; SOUSA, R.D.N.; SOUSA, A.S. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais comercializadas no município de Uruará, Pará. Revista Biotemas, v.29, n.1, p.115-131, 2016.

CÂMARA, C.P.; RIBEIRO, R.T.M.; LOIOLA, M.I.B. Etnoconhecimento dos apicultores de um município do semiárido potiguar, Nordeste do Brasil. Gaia Scientia, v.15, n.1, p.226-245, 2021.

CARNEIRO, D.B.; BARBOZA, M.S.L.; MENEZES, M.P. Plantas nativas úteis na Vila dos Pescadores da Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, Pará. Revista Acta Botânica Brasílica, Brasil 2010.

CARVALHO, B.G.C.; MONTENEGRO, L.C. Metodologias de comunicação no processo de educação em saúde. Revista de Enfermagem do Centro Oeste Mineiro, v.2, n. 2, p. 279-287, 2012.

COSTA, M.A.G. Aspectos etnobotânicos do trabalho com plantas medicinais realizado por curandeiro no município de Ipiranga, SP. Botucatu: Dissertação apresentada à faculdade de ciências agronômica da UNESP- campus Botucatu, 2002. p110.

COSTA, R.G.A. Os Saberes Populares da Etnociência no Ensino das Ciências Naturais: Uma Proposta Didática para Aprendizagem Significativa. Revista Didática Sistêmica, v.8, p.162-172, 2008.

DUTRA, M.G. Plantas medicinais, fitoterápicos e saúde pública: um diagnóstico situacional em Anápolis, Goiás, Brasil. 30 f. 2009. Dissertação de Mestrado, Centro Universitário de Anápolis – UniEvangélica. Anápolis. 2009.

FREITAS, A. V. L.; COELHO, M. F. B.; AZEVEDO, R. A. B. MAIA, S. S. S. Os raizeiros e a comercialização de plantas medicinais em São Miguel, Rio Grande do Norte, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, v.10, n.2, p.147-156, 2012.

LARCEDA, J.R.C.; SOUSA, J.S.; SOUZA, L.C.F.S.; BORGES, M.G.B.; FERREIRA, R.T.F.V.; SALGADO, A.B.; SILVA, M.J.S. Conhecimento popular sobre plantas medicinais e sua aplicabilidade em três segmentos da sociedade no município de Pompal-PB. Rev. ACSA, v.9, n.1, p.14-23, 2013.

LEANDRO, Y.A.S.; JARDIM, I.N.; GAVILANES, M.L. Uso de Plantas Medicinais nos Cuidados de Saúde dos Moradores de Assentamento no Município de Anapu, Pará, Brasil. Revista Biodiversidade, v.16, n.2, p.30-44, 2017.

LIMA, R. A.; MAGALHÃES, S. A.; SANTOS, M. R. A. Levantamento Etnobotânico de Plantas Medicinais Utilizadas na Cidade de Vilhena, Rondônia. Revista Pesquisa & Criação, v.10, n.2, p.165-179, 2011.

LIMA, C.A.; CAMPOS, T.S.; ESTEVES, B.S. Plantas Medicinais Utilizadas por Moradores de Porto Velho, Rondônia, Brasil, Revista Fimca, v.5, n.1, p.28-33, 2018.

LÖBLER, L.; SANTOS, D.; RODRIGUES, E.S.; SANTOS, N.R.Z. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais no bairro Três de Outubro da cidade de São Gabriel, RS, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, v.12, n.2, p.81-89, 2014.

MACIEL, M.A.M.; PINTO, A.C.; VEIGA JR; GRYNBERG, N.F.; VALDIR, F.A.E. Plantas Medicinais: A Necessidade de Estudos Multidisciplinares. Revista Química Nova, v.25, n.3, p.429-438, 2002.

MARCHESE, J.A; FIGUEIRA, G.M. O uso de tecnologias pré e pós-colheita e boas práticas agrícolas na produção de plantas medicinais e aromáticas. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.7, n.3, p.86-96, 2005.

MARTINS, A.G.; ROSÁRIO D.L.; BARROS, M.N.; JARDIM, M.A.G. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais, alimentares e tóxicas da Ilha do Combu, Município de Belém, Estado do Pará. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.86, p.30-31, 2005.

OLIVEIRA, F.C.; ALBUQUERQUE, U.P.; FONSECA-KRUEL, V.S.; HANAZAKI, N. Avanços nas pesquisas etnobotânicas no Brasil. Acta Botânica Brasília, v.23, n.2, p. 590-605, 2009.

PNPMF, 2006. Política Nacional Fitoterapêutica.pdf (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_fitoterapicos.pdf.) Acessado dia 18.mai.2019.

RITO KF, ARROYO‐RODRÍGUEZ V, QUEIROZ RT, LEAL IR, TABARELLI M. Precipitation mediates the effect of human disturbance on the Brazilian Caatinga vegetation. Journal of Ecology, v.105, n.3, p.828-838, 2017.

RODRIGUES, A.G.; AMARAL, A.C.F. Aspectos sobre o desenvolvimento da fitoterapia. In: BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de atenção básica práticas integrantes e complementares: plantas medicinais e fitoterapia na atenção básica. Brasília: M.S, 2012.

ROVEDDER APM, PIAZZA EM, THOMAS PA, FELKER RM, HUMMEL RB, FARIAS JA. Potential medicinal use of forest species of the Deciduous Seasonal Forest from Atlantic Forest Biome, South Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, 59:e16150329, 2016.

RUZZA, D.A.C.; GÖTTERT, V.; ROSSI, A.A.B.; DARDENGO, J.F.E.; SILVA, I.V. Levantamento Etnobotânico no Município de Alta Floresta, Mato Grosso, Brasil. Revista Enciclopédia biosfera, v.11, n.21, p.3225-3235, 2014.

SANTOS, J.J.F.; COELHO-FERREIRA, M.; LIMA, P.G.C. Etnobotânica de plantas medicinais em mercados públicos da Região Metropolitana de Belém do Pará, Brasil. Biota Amazônia, v.8, n.1, p.1-9, 2018.

SILLITOE, P. Defining indigenous knowledge: the knowledge continuum. In: Indigenous Knowledge and Development Monitor, v.6, n.3, CIRAN, 1999.

TOMCHINSKY, B.; MING, L.C.; KINUPP, V.F.; HIDALGO, A.F.; CHAVES, F.C.M. Ethnobotanical study of antimalarial plants in the middle region of the Negro River, Amazonas, Brazil. Acta Amazônica, v.47, n.3, p.203-212, 2013.

VÁSQUEZ, S.P.F.; MENDONÇA, M.S.; NODA, S.N. Etnobotânica de plantas medicinais em comunidades ribeirinhas do Município de Manacapuru, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, v.44, n.4, p.457-472, 2014.

VEIGA, J.B.; ESCUDELLER, V.V. Etnobotânica e medicina popular no tratamento de malária e males associados na comunidade ribeirinha Julião – baixo Rio Negro (Amazônia Central). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.17, n.4, p.737-747, 2014.

VICENTINI, A. As Florestas de Terra Firme. In: OLIVEIRA, A.A.; DALY, D. (ed.). Florestas do Rio Negro. The New York Botanical Garden, New York, p.143-177, 2001.




DOI: https://doi.org/10.22408/reva7020221065e-7050

Métricas do artigo

Carregando Métricas ...

Metrics powered by PLOS ALM

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Flag Counter

Revista Valore 
ISSN: 2525-9008