PERCEPÇÕES ACERCA DA INTOLERÂNCIA ÀS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS

Marilene Lopes de Jesus, Marcus Alexande Cavalcanti, Maria Geralda de Miranda

Resumo


A intolerância religiosa aos adeptos do candomblé é produto das ramificações do racismo, que fora estruturado ao longo dos anos, no Brasil, desde a chegada dos colonizadores. Nesse contexto as religiões de matriz africana tiveram a sua desconstrução, em que agregaram a demonização nos ritos e costumes culturais dos africanos aqui escravizados. Tais ritos e rituais foram por quatro séculos criminalizados e somente a partir do século XXI foi dado direito à fala jurídica e política. Este estudo objetivou discutir as várias faces da intolerância às religiões de matriz africana, em específico ao candomblé, por meio de pesquisa a reportagens jornalísticas em jornais e revistas de grande circulação, em blogs, sites de emissoras e redes sociais como YouTube, Facebook, Instagram, relacionadas à intolerância religiosa. Foram analisadas quarenta matérias selecionadas.  A discussão evidenciou casos de intolerância religiosa, que na sua maioria, houve denúncia em delegacias e apoio de entidades do movimento negro, mas também foi percebido a falta de um posicionamento mais enérgico da justiça e dos órgãos governamentais, para que as leis seja, cumpridas. Conclui-se que é necessário que haja a educação para a diversidade com vistas a minimizar os casos de intolerância e violência, mas também políticas governamentais.


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DOI: https://doi.org/10.22408/reva8020231125e-8058

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