PRODUTIVISMO ACADÊMICO: DA INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO AO ADOECIMENTO
DOI:
https://doi.org/10.22408/reva702022123045-58Resumo
Como efeito da globalização, a aceleração do tempo do capital e a eficiência se tornam consequências das relações de trabalho, não só nas organizações privadas, mas também nas públicas. A educação e suas agências de fomento passam a ter um discurso gerencialista com foco na produtividade. Neste estudo, foi percebido que este fenômeno atravessa a vida dos professores. A pesquisa realizada é qualitativa, do tipo bibliográfica, e objetivou estudar as possíveis consequências do produtivismo acadêmico na saúde mental dos docentes.Destes estudos, foram percebidas duas consequências. Uma é a pressão pela intensificação do trabalho realizada por uma ordem burocrática em que o sujeito adere às demandas da sua função –por senso de obrigação ou pela falta de funcionários na sua unidade –, ou por intermédio da sedução, que oferece para os que mais se sobrecarregam, status e reconhecimento. A segunda é o adoecimento pela intensificação do trabalho promovida pela produtivismo acadêmico; nesta seção notou-se que a saúde mental do trabalhador também pode ser traduzida em adoecimentos físicos e uso de medicamentos. Considera-se necessária a ampliação do tema e a discussão de possíveis caminhos para transpor estas formas de submissão subjetiva ao produtivismo acadêmico.
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