FLEXIBILIDADE FINANCEIRA NAS EMPRESAS BRASILEIRAS MULTINACIONAIS E DOMÉSTICAS NEGOCIADAS NA B3

Aparecida de Fátima Alves de Lima, João Zani, Daniel Francisco Vancin, Thobias Bassotto Zani, José Ricarte de Lima

Resumo


Estudos relacionados à reserva de caixa têm demonstrado aspectos significantes relativos à manutenção de reservas de caixa e apresentam mudanças de entendimento ao longo do tempo. A maioria da literatura existente sobre este assunto baseia-se em estudos realizados com amostras de empresas norte-americanas e europeias. No entanto, o tema é de grande relevância para empresas de países emergentes, especialmente, o Brasil que nos últimos anos tem apresentado histórico de recessões econômicas com reflexos diretamente nas finanças corporativas e, de modo particular, na liquidez das empresas. Considerando existir diferenças singulares nas finanças de curto prazo entre empresas multinacionais e domésticas, examinou-se o comportamento das reservas de caixa das empresas brasileiras, negociadas na B3 entre os anos de 2006 a 2019, com interesse particular na qualidade da governança, estrutura de propriedade e intensidade tecnológica. A amostra das multinacionais foi extraída do Ranking das Multinacionais Brasileiras da FDC. Optou-se pela regressão com dados em painel GMM-Sys. O estudo contribui para a literatura de gerenciamento de caixa, cujos resultados mostram que empresas multinacionais no Brasil não retêm significativamente mais caixa do que suas firmas domésticas, situação oposta aos países desenvolvidos, como os EUA, que por motivos fiscais passaram a reter elevados volumes de caixa no exterior. Ao mesmo tempo, apresenta explicações dos impactos das crises econômicas na estocagem de liquidez do conjunto de empresas brasileiras analisadas. Por fim, evidencia-se que, a crise financeira global impactou positivamente nos níveis de caixa das empresas indistintamente, mas a crise brasileira se mostrou significante apenas para a retenção de caixa das empresas multinacionais. 


Texto completo:

PDF

Referências


ALMEIDA, H.; CAMPELLO, M. Financial constraints, asset tangibility and corporate investment.Review of Financial Studies, New York, v. 20, n. 5, p. 1429-1460, 2007. DOI: https://doi.org/10.1093/rfs/hhm019. Disponível em: https://academic.oup.com/rfs/article-abstract/20/5/1429/1591748?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 07 dez. 2019.

AL-NAJJAR, B. The financial determinants of corporate cash holdings: evidence from some emerging markets. International Business Review, Oxford, v. 22, n. 1, p. 77-88, 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ibusrev.2012.02.004. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S096959311200011X?via%3Dihub. Acesso em: 05 dez. 2019.

AL-NAJJAR, B.; BELGHITAR, Y. Corporate cash holdings and dividend payments: evidence from simultaneous analysis. Managerial and Decision Economics, London, v. 32, n. 4, p. 231-241, 2011. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/23012460. Acesso em: 05 dez. 2019.

ARTICA, R. P.; BRUFMAN, L.; SAGUÍ, N. Por que as empresas latino-americanas retêm muito mais caixa do que costumavam reter?. Revista Contabilidade e Finanças, São Paulo, v. 30, n. 79, p. 73-90, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1808-057x201805660. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rcf/v30n79/pt_1808-057X-rcf-1808-057x201805660.pdf. Acesso em: 08 dez. 2019.

BATES, T. W.; KAHLE, K. M.; STULZ, R. M. Why do U.S. firms hold so much more cash than they used to? The Journal of Finance, [New York], v. 64, n. 5, p. 1985-2021, 2009. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2009.01492.x. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1540-6261.2009.01492.x. Acesso em: 05 dez. 2019.

BAUMOL, W. J. The transactions demand for cash: an inventory theoretic approach. The Quarterly Journal of Economics, Cambridge, Mass., v. 66, n. 4, p. 545-556, 1952. DOI: https://doi.org/10.2307/1882104. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/1882104. Acesso em: 06 dez. 2019.

BEGENAU, J.; PALAZZO, B. Firm selection and corporate cash holdings. Cambridge, Mass.: National Bureau of Economic Research, 2017. DOI: 10.3386/w23249. Disponível em: https://www.nber.org/system/files/working_papers/w23249/w23249.pdf. Acesso em: 07 dez. 2019.

BREALEY, R. A.; MYERS, S.; ALLEN, F. Principles of corporate finance. New York: Tata McGraw-Hill Education, 2016.

CAMPELLO, M.; GRAHAM, J. R.; HARVEY, C. R. The real effects of financial constraints: evidence from a financial crisis. Cambridge, Mass.: National Bureau of Economic Research, 2009. DOI: doi:10.2139/ssrn.1357805 15552. Disponível em: https://www.nber.org/system/files/working_papers/w15552/w15552.pdf. Acesso em: 07 dez. 2019.

CHALHOUB, L.; KIRCH, G.; TERRA, P. R. S. Fontes de caixa e restrições financeiras: evidências das firmas listadas na BM&FBovespa. Revista Brasileira de Finanças, São Paulo, v. 13, n. 3, p. 470-503, 2015. DOI: https://doi.org/10.12660/rbfin.v13n3.2015.57475. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbfin/article/view/57475/56151. Acesso em: 08 dez. 2019.

CHIANG, Y.-C.; WANG, C.-D. Corporate international activities and cash holdings. African Journal of Business Management,[S. l.], v. 5, n. 7, p. 2992-3000, 2011. DOI:10.5897/AJBM10.1517. Disponível em: https://academicjournals.org/article/article1380807463_Chiang%20and%20Wang.pdf. Acesso em: 08 dez. 2019.

CLAESSENS, S.; YURTOGLU, B. Corporate governance in emerging markets: a survey. Emerging Markets Review, Amsterdam, v. 15, p. 1-33, 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ememar.2012.03.002. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1566014112000131. Acesso em: 08 dez. 2019.

DAHROUGE, F. M.; SAITO, R. Políticas de cash holdings: uma abordagem dinâmica das empresas brasileiras. Revista Brasileira de Finanças, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 343-373, 2013. DOI: https://doi.org/10.12660/rbfin.v11n3.2013.6042. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbfin/article/view/6042/12114. Acesso em: 07 dez. 2019.

DESAI, M. A.; FOLEY, C. F.; HINES JUNIOR, J. R. A multinational perspective on capital structure choice and internal capital markets. The Journal of Finance, [New York], v. 59, n. 6, p. 2451-2487, 2004. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2004.00706.x. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.om/doi/epdf/10.1111/j.1540-6261.2004.00706.x. Acesso em: 06 dez. 2019.

DITTMAR, A.; MAHRT-SMITH, J.; SERVAES, H. International Corporate Governance and Corporate Cash Holdings. The Journal of Financial and Quantitative Analysis, Seattle, v. 38, n. 1, p. 111-133, 2003. DOI: https://doi.org/10.2307/4126766. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/4126766?seq=1. Acesso em: 06 dez. 2019.

DUCHIN, R.; OZBAS, O.; SENSOY, B. A. Costly external finance, corporate investment, and the subprime mortgage credit crisis. Journal of Financial Economics, Amsterdam, v. 97, n. 3, p. 418-435, 2010. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2009.12.008. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304405X09002566. Acesso em: 06 dez. 2019.

DUTRA, V. et al. Determinantes da retenção de caixa em empresas brasileiras: uma análise pós-crise de 2008. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade(REPeC), Brasília, DF, v. 12, n. 3, 2018. DOI: https://doi.org/10.17524/repec.v12i3.1808. Disponível em: http://www.repec.org.br/repec/article/view/1808/1420. Acesso em: 07 dez. 2019.

FAULKENDER, M.; HANKINS, K.; PETERSEN, M. Understanding the rise in corporate cash: precautionary savings or foreign taxes. The Review of Financial Studies, New York, v. 32, n. 9, p. 3299–3334, 2019. DOI: https://doi.org/10.1093/rfs/hhz003. Disponível em: https://academic.oup.com/rfs/article-pdf/32/9/3299/29194516/hhz003.pdf. Acesso em: 08 dez. 2019.

FERREIRA, M. A.; VILELA, A. S. Why do firms hold cash? Evidence from EMU Countries. European Financial Management, Oxford, v. 10, n. 2, p. 295–319, 2004. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1354-7798.2004.00251.x. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1354-7798.2004.00251.x. Acesso em: 05 dez. 2019.

FOLEY, C. F. et al. Why do firms hold so much cash? A tax-based explanation. Journal of Financial Economics, Amsterdam, v. 86, n. 3, p. 579-607, 2007. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2006.11.006. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304405X07001390. Acesso em: 06 dez. 2019.

FUNDAÇÃO DOM CABRAL (FDC). Relatório de pesquisa. Nova Lima, MG: FDC Núcleo de Negócios Internacionais, 2019.

GAO, H.; HARFORD, J.; LI, K. Determinants of corporate cash policy: Insights from private firms. Journal of Financial Economics, Amsterdam, v. 109, n. 3, p. 623–639, 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2013.04.008. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304405X13001153?via%3Dihub. Acesso em: 07 dez. 2018.

GRAHAM, J. R.; LEARY, M. T. The evolution of corporate cash. The Review of Financial Studies, New York, v. 31, n. 11, p. 4288–4344, 2018. DOI: https://doi.org/10.1093/rfs/hhy075. Disponível em: https://academic.oup.com/rfs/article-abstract/31/11/4288/5054918?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 06 dez. 2019.

JENSEN, M. C. Agency cost of free cash flow, corporate finance, and takeovers. American Economic Review, Princeton, v. 76, n. 2, 1986. DOI: http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.99580. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/Delivery.cfm/SSRN_ID922586_code9.pdf?abstractid=99580&mirid=1&type=2. Acesso em: 07 dez. 2019.

LEE, K. et al. A new macro-financial system for a stable and crisis-resilient growth in Korea. Seoul JournalofEconomics, Seoul, v. 23, n. 2, p. 145-186, 2010. Disponível em: http://sje.ac.kr/xml/26381/26381.pdf. Acesso em: 07 dez. 2019.

LÓPEZ-ITURRIAGA, F. J.; CRISÓSTOMO, V. L., Financial decisions, ownership structure and growth opportunities: an analysis of Brazilian firms. Emerging Markets Finance and Trade, Armonk, N.Y., v. 46, n. 3, 2010. DOI: http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.989926. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=989926. Acessoem: 07 dez. 2019.

MANOVA, K.; WEI, S. J.; ZHANG, Z. Firm exports and multinational activity under credit constraints. The Review of Economics and Statistics, Cambridge, Mass., v. 97, n. 3, p. 574-588, 2015. Disponível em: https://econpapers.repec.org/scripts/redir.pf?u=http%3A%2F%2Fwww.mitpressjournals.org%2Fdoi%2Fpdf%2F10.1162%2FREST_a_00480;h=repec:tpr:restat:v:97:y:2015:i:2:p:574-588. Acesso em: 05 dez. 2019.

MILLER, M. H. Debt and taxes. The Journal of Finance, [New York], v. 32, n. 2, p. 261-275, 1977. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1977.tb03267.x. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1540-6261.1977.tb03267.x. Acesso em: 05 dez. 2019.

MILLER, M. H.; ORR, D. A model of the demand for money by firms. The Quarterly Journal of Economics, Cambridge, Mass., v. 80, n. 3, p. 413-435, 1966. DOI: https://doi.org/10.2307/1880728. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/1880728?seq=1. Acesso em: 05 dez. 2019.

MODIGLIANI, F.; MILLER, M. H. The cost of capital, corporation finance and the theory of investment. The American Economic Review, Princeton, v. 48, n. 3, p. 261-297, 1958. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/1809766?seq=1. Acesso em: 07 dez. 2019.

MYERS, S. C. The capital structure puzzle. The Journal of Finance, [New York], v. 39, n. 3, p. 574-592, 1984. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1984.tb03646.x. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1540-6261.1984.tb03646.x. Acesso em: 07 dez. 2019.

MYERS, S. C.; MAJLUF, N. S. Corporate financing and investment decisions when firms have information that investors do not have. Journal of Financial Economics, Amsterdam, v. 13, n. 2, p. 187–221, 1984. DOI: http://doi:10.1016/0304-405x(84)90023-0. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0304405X84900230. Acesso em: 05 dez. 2019.

OPLER, T. et al. The determinants and implications of corporate cash holdings. Journal of Financial Economics, Amsterdam, v. 52, n. 1, p. 3-46, 1999. DOI: https://doi.org/10.1016/S0304-405X(99)00003-3. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304405X99000033. Acesso em: 05 dez. 2019.

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD). Directorate for Science, Technology and Innovation. Economic Analysis and Statistics Division. ISIC Rev. 3 Technology intensity definition: classification of manufacturing industries into categories based on R&D intensities. [Paris]: OECD, 2011. Disponível em: http://www.oecd.org/sti/ind/48350231.pdf. Acesso em: 08 dez. 2019.

OZKAN, A.; OZKAN, N. Corporate cash holdings: An empirical investigation of UK companies. Journal of Banking and Finance, Apapa, Lagos, Nigeria, v. 28, n. 9, p. 2103-2134, 2004. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jbankfin.2003.08.003. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378426603002292. Acesso em: 08 dez. 2019.

PINKOWITZ, L.; STULZ, R. M.; WILLIAMSON, R. Is there a U.S. high cash holdings puzzle after the financial crisis? Columbus, Ohio: Charles A. Dice Center for Research in Financial Economics, 2013. DOI: http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2253943. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2253943. Acesso em: 07 dez. 2019.

PORTAL, M. T.; ZANI, J.; SILVA, C. E. S. Fricções financeiras e a substituição entre fundos internos e externos em companhias brasileiras de capital aberto. Revista Contabilidade e Finanças, São Paulo, v. 23, n. 58, p. 19-32, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S1519-70772012000100002. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rcf/v23n58/pt_a02v23n58.pdf. Acesso em: 05 dez. 2019.

ROCHMAN, R. R.; DYLEWSKI, C. Determinantes do nível de caixa das empresas: análise da amostra de países da América Latina. Maringá: Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Administração, 2011. Trabalho apresentado ao EnANPAD, 35., Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/FIN1324.pdf. Acesso em: 08 dez. 2019.

ROODMAN, D. A note on the theme of too many instruments. Oxford Bulletin of Economics and Statistics, Oxford, v. 71, n. 1, p. 135-158, 2009. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1468-0084.2008.00542.x. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1468-0084.2008.00542.x. Acesso em: 07 dez. 2019.

ROUBINI, N.; MIHM, S. Crisis economics: a crash course in the future of finance. New York: The Penguin Press, 2010.

SONDAGEM CONJUNTURAL. Rio de Janeiro: Ed. FGV / IBRE / CODACE, 30 out. 2017. Disponível em: https://portalibre.fgv.br/sites/default/files/2020-03/comite-de-data_o-de-ciclos-econ_micos-comunicado-de-30_10_2017-_1_.pdf. Acesso em: 05 dez. 2018.

WU, W.; YANG, Y; ZHOU, S. Multinational firms and cash holdings: evidence from China. Finance Research Letters, Amsterdam, v. 20, p. 184-191, 2017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.frl.2016.09.024. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1544612316301805. Acesso em: 07 dez. 2019.




DOI: https://doi.org/10.22408/reva732022139367-86

Métricas do artigo

Carregando Métricas ...

Metrics powered by PLOS ALM

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Flag Counter

Revista Valore 
ISSN: 2525-9008