COMPOSIÇÃO DE MACROZOOBENTOS DO RIO URINDEUA, AMAZÔNIA ORIENTAL, NORTE DO BRASIL

Alessandra Silva de Assis, Henrique Miguel de Lima Silva, Marko Herrmann, Rafael Anaisce das Chagas, Luis Felipe Neves dos Prazeres

Resumo


Nos ambientes aquáticos, sejam de água doce ou ambiente costeiro, um componente biológico de grande destaque é a fauna bentônica (ou simplesmente, bentos). O bentos é composto por representantes de diversos filos, que vivem em contato (sobre ou incluso) com o substrato durante toda a vida ou parte dela. A fauna bentônica é composta por animais que normalmente possuem distribuição agregada, com densidades variando de alguns poucos a milhões de indivíduos por metro quadrado, que conforme as posições em relação a superfície do substrato compõem a epifauna e a infauna. O rio Urindeua (0°41'50.84"S, 47°22'12.13” O) situa-se no município de Salinópolis, nordeste do estado do Pará, Amazônia Oriental, região Norte do Brasil. Neste município a hidrografia é composta por rios não muito extensos, porém, muito sinuosos, que têm sua foz nas baías que se abrem para o Atlântico. O maior é o rio Maracanã que separa a sudoeste, Salinópolis do município de Maracanã. Entre os três rios de cursos paralelos, que vertem para a baía do Urindeua, destaca-se o rio Urindeua. Ao todo foram selecionadas quatro estações amostrais, demarcadas ao longo de um gradiente latitudinal da foz à nascente do rio. A variação temporal na estrutura e composição dos macrozoobentos da área estudada apresentou-se estatisticamente significativa com sazonalidade do ambiente e consequentemente com a salinidade, sendo a temperatura um fator pouco significante para a estrutura e composição da área. A diversidade encontrada no filo Annelida, tem grande influência devido à presença dos poliquetas encontrados, e isso se dá, a partir da ampla distribuição desse tipo de organismos, ocorrendo espécies em estuários, áreas límnicas e em ambientes terrestres úmidos. Analisando a composição da comunidade macrozoobentônica por ponto, verifica-se que, a classe Polychaeta foi mais presente em termo de diversidade no P4, sendo possível ver que houver ocorrência da espécie Glycinde sp. em todos pontos.A região estudada é composta por bivalves, polychaetas e malacostracas. Com o aumento da salinidade ocorre a diminuição da riqueza e abundância dos organismos macrozoobentos.


Texto completo:

PDF

Referências


ALMEIDA, M. F. Comunidades macrobentônicas da reserva biológica do lago Piramutaba (Amapá - Brasil). 2008. 71f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) - Universidade Federal do Pará, Belém - PA, 2008.

AMARAL, A. C. Z.; NONATO, E. F. Annelida Polychaeta: características, glossário e chaves para famílias e gêneros da costa brasileira. p. 118, 1996.

AMARAL, A. C. Z.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. D. B. Biodiversidade bentônica da região Sudeste-Sul do Brasil, plataforma externa e talude superior. São Paulo: Instituto Oceanográfico - USP, 2004.

AMARAL, A. C. Z.; RIZZO, A. E.; ARRUDA, E. P. Manual de identificação dos invertebrados marinhos da região Sudeste-Sul do Brasil. 1. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 288p, 2006.

ASSIS, A. S. et al. Composição do macrozoobentos ao longo de um gradiente longitudinal no manguezal da baía do Caeté, Amazônia Oriental, Brasil. In: VIII ENCONTRO AMAZÔNICO DE AGRÁRIAS, 2016, Belém - PA. Anais..., Belém - PA: 2016.

BARBOSA, A. D. C. Sistemática, distribuição e biologia do desenvolvimento de Nereidiformia (Phyllodocida: Polychaeta), com enfase em Pilargidae e Nereididae, Bacia de Campos, Brasil. 2014. 178f. Disertação (Mestrado em Ciências Ambientais) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Macaé - RJ, 2014.

BARNES, R. S. K. Coastal lagoons. Cambridge: Cambridge University Press. 106 p. 1980.

BARNES, R. S. K. Macrofaunal community structure and life histories in coastal lagoons. In: KJEFVE, B. Coastal Lagoon Process. New York: Elsevier. p. 311-362. 1994.

BARROS, M. R. F. Variações temporais na estrutura e composição do macrozoobentos de uma zona estuarina na baía do Caeté, Norte do Brasil. 2017. 81f. Monografia (Bacharel em Engenharia de Pesca) - Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém - PA, 2017.

BEASLEY, C. R. et al. Molluscan diversity and abundance among coastal habitats on northern Brazil. Ecotropica, v. 11, p. 9-20, 2005.

BESSA, E. G.; PAIVA, P. C.; ECHEVERRÍA, C. A. Distribuição vertical no sediment dos grupos funcionais de anelídeos poliquetas em uma área da Enseada Martel, Baía do Almirantado, Antártica. O ecologia Brasiliensis, v. 11, n. 1, p. 95-109, 2007.

BRANDIMARTE, A. L. et al. Amostragem de invertebrados bentônicos. In: BICUDO M. e BICUDO, D. de C. Amostragem em Limnologia. São Carlos: Rima, 2004.

BRUCE, N. L. Cirolanidae (Crustacea: Isopoda) of Australia. Records of the Australian Museum, Supplement 6. v. n. p. 241, 1986.

CERVIGÓN, F. et al. Guia de campo de las especies comerciales marinas y de agua salobres de la costa septentrional de sur america. Roma: FAO, 577, 1992.

CHAGAS, R. A. D. Biofouling no cultivo da ostra-do-mangue Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) (Bivalvia: Ostreidae) em um estuário Amazônico. 2016. 116f. Monografia (Bacharel em Engenharia de Pesca) - Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém - PA, 2016.

CLARCKE, K. R.; WARWICK, R. M. Changes in marine communities: an approach to statistical analysis and interpretation. Plymouth. NERC. 1994. 187p.

COLLING, Leonir André ; BEMVENUTI, Carlos Emílio . Organismos Bentônicos. In: Danilo Calazans. (Org.). Estudos Oceanográficos: do Instrumental ao Prático. 1ed. Rio Grande: Editora Textos, 2011, v. 1, p. 233-248.

CORREIA, M. D.; SOVIERZOSKI, H. H. Ecossistemas marinhos: recifes, praias e manguezais. Maceió: EDUFAL, 55p, 2005.

CULTER, J. K. Manual for identification of marine invertebrates: A guide to some common estuarine macroinvertebrates of the Big Beng Region, Tampa Bay, Florida. United States Environmental Protection Agency. v. n. p. 206, 1986.

DAUER, D. M.; EWIG, R. M.; RODI JR., A. J. Macrobenthic distribution within the sediment along an estuarine salinity gradient. Int. Revue ges Hydrobiol., v. 72, p. 529-538. 1987.

DAY, J. H. A monograph on the Polychaeta of Southern Africa. Part I. Errantia. London: Trustees of the British Museum (Natural History): 1967.

DENADAI, M. R. et al. Veneridae (Mollusca, Bivalvia) da costa norte do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica. v. v. 6, n. n. 3, p. p. 34, 2006.

DIENER, D. R. et al. Spatial and temporal patterns of the in faunal community near a major Ocean Out fall in Southern California. Marine Pollution Bulletin, v. 30, n. 12, p. 861-878, 1995.

ELLINGSEN, K. E. Soft-sediment benthic biodiversity on the continental shelf in relation to environmental variability. Marine Ecology Progress Series, v. 232, p. 15-27, 2002.

FAUCHALD, K. The polychate worms: Definitions and keys to the Orders, Families and Genera. Natural History Museum of Los Angeles County, Science Series: 1977.

FIGUEIREDO, J. F. et al. Determinação da concentração de coliformes totais e termotolerantes na água de cultivo de ostras do mangue (Crassostrea rhizophorae) em região estuarina. Ciências Ambientais da Universidade do Estado do Pará, Belém, Brasil. 2015. Enciclopédia biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p.3488. 2015.

FILHO, J. S. R. et al. Macrofauna bentônica de zonas entre-marés não vegetadas do estuário do rio Caeté, Bragança, Pará Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 85-96, set-dez. 2006.

FORBES, V. E.; LOPEZ, G. R. The role of sediment type in growth and fecundity of mud snails (Hydrobiidae). Oecologia, v. 83, p. 53-61. 1990.

GOMES, T. P.; ROSA-FILHO, J. S. Composição e variabilidade espaço-temporal da meio fauna de uma praia arenosa na região amazônica (Ajuruteua, Pará). Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, v. 99, n. 2, p. 210-216, 2009.

KENISH, M. J. Ecology of estuaries: biological aspects. Boca Raton: CRC Press Inc. 279 p. v. 2. 1986.

LEAL, J. H. Bivalves. Bailey-Matthews Shell Museum. v. n. p. 74, 2003a.

LEAL, J. H. Gastropods. The Bailey-Matthews Shell Museum. v. n. p. 49, 2003b.

LEVINTON, J. S. Marine Biology: Function, Biodiversity, Ecology. 2th edition. Oxford. Oxford University Press, 2001. 515p.

LEVINTON, J. S. Marine biology: function, biodiversity, ecology. New York: 2009.

LIMA, J. B. Impactos das Atividades Antrópicas sobre a Comunidade dos Macroinvertebrados Bentônicos do rio Cuiabá no Perímetro Urbano das cidades de Cuiabá e Várzea Grande – MT. 2002. 143f. Tese (Doutorado em Ciencias da área Ecologia e Recursos Naturais) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2002.

LITTLE, C. The biology of soft shores and estuaries. Oxford: Oxford University Press, 2000 252 p.

MANINO, A.; MONTAGNA, P. A. Small-scale spatial variation of macrobenthic community structure. Estuaries, v. 20, p. 159-173. 1997.

McLUSKY, D. S.; ELLIOT, M. The Estuarine Ecosystem ecology, threats and management. New York: Oxford University Press. 2004. 214p.

MELO, G. A. S. Manual de identificação dos Crustácea Decápoda de água doce do Brasil. Paulo, M. d. Z.-U. d. S.: 30. 2003.

MIRANDA, L. B.; CASTRO, B.M.; KJERFVE, B. Princípios de oceanografia física de estuários. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 424 p.

NEVES, R. A. F.; VALENTIN, J. L. Revisão bibliográfica sobre a macrofauna bentônica de fundos não-consolidados, em áreas costeiras prioritárias para conservação no Brasil. Arquivos de Ciência do Mar, Fortaleza, v. 44, n. 3, p. 59-80, 2011.

OLIVEIRA, J. M. Estrutura da comunidade de moluscos associados a bancos de ostras em ume stuário hipersalino. 2014. 54f. Monografia (Licenciatura Plena em Ciências Biológicas) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande - PB, 2014.

OURIVES, T. M.; RIZZO, A. E.; BOEHS, G. Composition and spatial distribution of the benthic macrofauna in the Cachoeira River estuary, Ilhéus, Bahia, Brazil. Revista de Biología Marina y Oceanografía, v. 46, n. 1, p. 17-25, abril. 2011.

PEREIRA, R. C.; SOARES-GOMES, A. (Org.). Biologia Marinha. Rio de Janeiro: Interciência. 2002.

POORE, G. C. B. Marine Decapod Crustacea of Southern Australia - A Guide to Identification. 617, 2004.

PROBERT, P. K. et al. Macrobenthic polychaete assemblages of the continental shelf andupper slope off the West coast of the South Island, New Zealand. New Zealand Journal of Marine and Freshwater Research, v. 35, p. 971-984, 2001.

RIBEIRO-COSTA, C. S.; ROCHA, R. M. Invertebrados: manual de aulas práticas. Holos Editora. v. n. p. 220, 2002.

RIOS, E. C. Compendium of braziliansea shells. Rio Grande, RS: Evangraf, 676p, 2009.

RHOADS, D. Organism-sediment relations on the muddy sea floor. Oceanogr. Mar. Biol. Ann. Rer., v. 12, p. 263-300.1974.

ROSA-FILHO, J. S. et al. Macrofauna bentônica de zonas entre-marés não vegetadas do estuário do rio Caeté, Bragança, Pará. Boletim do Museo Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, Belém, v. 2, n. 3, p. 109-121, set-dez, 2006.

RUMOHR, H. Soft-bottom macrofauna: Collection, treatment, and quality assurance of samples. ICES Techniques in Marine Environmental Sciences, n. 43, setember, 24p, 2009.

SILVA, D. E. A. D. Variações espaço-temporais das associações macrobentônicas em áreas sujeitas à contaminação ambiental no estuário Guajará (Belém – Pará). 2006. 1008f. Dissertação (Mestrado em Biologia Ambiental) - Universidade Federal do Pará - Campus de Bragança, Bragança - PA, 2006.

SNELGROVE, P. V. R.; BUTTMAN, C. A. Animal-sediment relationship revisited: cause versus effect. Oceanogr. Mar. Biol. Ann. Rev., v. 32, p. 111-177. 1994.

UEBELACKER, J. M.; JOHNSON, P. G. Taxonomic guide to the polychaetes of the northern gulf of Mexico VOL.1. U. S. Department of the interior minerals management service. v. 1, n. 202, p. 1984a.

UEBELACKER, J. M.; JOHNSON, P. G. Taxonomic guide to the polychaetes of the northern gulf of Mexico VOL. 2. U. S. Department of the interior minerals management service. v. 2, n. p. 250, 1984b.

UEBELACKER, J. M.; JOHNSON, P. G. Taxonomic Guide to the Polychaetes of the Northern Gulf of Mexico VOL. 4. U. S. Department of the interior minerals management service. v. 4, n. p. 237, 1984c.

UEBELACKER, J. M.; JOHNSON, P. G. Taxonomic Guide to the Polychaetes of the Northern Gulf of Mexico VOL. 5. U. S. Department of the interior minerals management service. v. 5, n. p. 154, 1984d.

UEBELACKER, J. M.; JOHNSON, P. G. Taxonomic Guide to the Polychaetes of the Northern Gulf of Mexico VOL. 6. U. S. Department of the interior minerals management service. v. 6, n. p. 230, 1984e.

UEBELACKER, J. M.; JOHNSON, P. G. Taxonomic Guide to the Polychaetes of the Northern Gulf of Mexico VOL. 7. U. S. Department of the interior minerals management service. v. 7, n. p. 228, 1984f.

UEBELACKER, J. M.; JOHNSON, P. G. Taxonomic Guide to the Polychaetes of the Northern Gulf of Mexico VOL. 3. U. S. Department of the interior minerals management service. v. 3, n. p. 198, 1984.

VERDONSCHOT, P. F. M. Oligoquetas e eutrofização; Um experimento ao longo dos nossos anos em mesocosmos ao ar livre. Hydrobiologia. v. 334 p. 169-183, 1989.

WEISBERG, S. B. An estuarine benthic index of biotic integrity (B-IBI) for Chesapeake Bay. Estuaries, v. 20, n.1, p. 149-158. 1997.

WOLFF, W. J. Estuarine benthos. In: KETCHUM, B. H. (Ed.). Ecosystems of the world: estuaries and enclosed seas. New York: Elsevier. p. 151-182. 1983.




DOI: https://doi.org/10.22408/reva30201848828-42

Métricas do artigo

Carregando Métricas ...

Metrics powered by PLOS ALM

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Flag Counter

Revista Valore 
ISSN: 2525-9008