AFAGOS AO OVO DA SERPENTE: O ASSÉDIO MORAL NO BRASIL APÓS SUA NOMEAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.22408/reva50202064948-72Resumo
A análise do material empírico (ações judiciais), orientado pelo método historiográfico, se fundamentou, sobretudo, nas concepções teóricas a seguir: Boltanski, Darré e Schiltz (1984), Hirigoyen (2001), Beauvois e Joule (1981) e Dejours (1981). Os resultados revelaram que condicionantes de distintas naturezas ampliaram a percepção da sociedade brasileira quanto aos danos da violência moral e psicológica no trabalho. Esta, por sua vez impulsionou avanços no robustecimento desse conceito, culminando na sua nomeação, no Brasil, em 2000. A queixa individual se transformou em um fenômeno organizacional. Entretanto, o assédio moral persistiu no período pesquisado. A violência psicológica e moral, dirigida aos “descartáveis”, se manteve abrigada nos porões organizacionais. Atribuir um nome ao fenômeno não bastou para resgatar a justiça organizacional, obstruída devido à presença de variáveis ilegítimas. Contrapondo, a referida nomeação estimulou a intensificação da denúncia pública do assédio moral nas organizações brasileiras.
PALAVRAS CHAVE: Gestão de pessoas. Assédio moral no trabalho. Denúncia pública. Classificação e relações sociais no trabalho.
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