A FORÇA DE CRIAÇÃO DA PALAVRA COMO ELO ENTRE CLARICE LISPECTOR E AS LITERATURAS AFRICANAS
DOI:
https://doi.org/10.22408/reva302018494165-177Abstract
Esta pesquisa se dispõe a estudar a aproximação que a perspectiva da força de criação da palavra, objeto desse estudo, permite entre a literatura de Clarice Lispector e o pensamento de filósofos africanos que estudaram a literatura deste continente. Sendo assim, busca-se, com este trabalho, esclarecer, apesar das disparidades do seu contexto de produção ou forma (caráter oral ou escrito), de que maneira essas literaturas se aproximam. Tal aproximação foi feita seguindo uma lógica de comparação que respeita as semelhanças e distanciamentos entre os dois contextos, de produção e cultural, e textos literários, utilizando-se, para isso, trechos da obra de Clarice Lispector, de filósofos africanos e críticos literários, ao que comprovou-se que ambas literaturas partilham a concepção cultural da força de criação da palavra, a qual também encontra correspondência nos mitos de criação em que cada produção está inserida, ainda que tratem-se de religiões e conjunturas distintas; dessa forma, verificou-se que tanto Clarice quanto escritores africanos encontraram no poder de criação da palavra a possibilidade de manterem-se vivos e efetivar sua expressão enquanto ser humano, já que ambos reconhecem que a linguagem não é mero instrumento de comunicação, mas conforme o ilustrado em suas origens culturais e ao longo dos movimentos de resistência empregados nos dois casos, uma extensão do homem e a força que gerou tudo o que existe. Portanto, no que diz respeito, no caso da literatura africana, à luta pelo não desaparecimento de sua cultura original, outrora massacrada pela colonização europeia; e em Clarice Lispector, à compreensão de si mesma e da essência universal humana, a palavra e sua força de criação foi o que permitiu uma exteriorização bem sucedida de suas próprias forças e capacidade de recriarem-se.
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